Os gastos mensais das famílias brasileiras com aquisição e reforma de imóveis cresceram em sete anos, enquanto as despesas com tributos ficaram praticamente estáveis, segundo mostra a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009) divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto no período 2002-2003, ano a que se refere a POF anterior, a fatia designada para aumento de ativos (aquisição e reforma de imóveis) era de 4,8% do total das despesas das famílias, em 2009 esse porcentual havia subido para 5,8%.
A pesquisa mostra, entretanto, uma significativa mudança nas prioridades de despesas familiares desde 1975. Naquele período, as famílias designavam 16,5% das suas despesas para aquisição e reforma de imóveis. Esses gastos são contabilizados na pesquisa como "aumento do ativo", enquanto as despesas com alimentação, habitação, aquisição de veículos e outros entram no quesito despesas de consumo. Os tributos entram no grupo de outras despesas. O pagamento de dívidas é contabilizado como diminuição do passivo.
O gerente da POF, Edilson Nascimento Silva, disse que a queda dos gastos com o aumento de ativo da década de 70 para cá está "provavelmente" relacionada ao forte aumento na disponibilidade de serviços para as famílias desde a década de 70. "Houve muitas mudanças de ofertas de serviços, como disponibilidade de telefonia, celular, Internet, TV a cabo", exemplificou.
A POF mostra também que as famílias que vivem na área rural do País têm menos despesas com tributos do que as famílias urbanas, mas os gastos com tributos estão crescendo no campo nos últimos anos. Do total de despesas das famílias rurais, 5,4% eram direcionados para impostos e pagamentos de contribuições trabalhistas em 2009, enquanto na área urbana esse porcentual era de 11,3% (em 2003, era de 11,4%). No entanto, com a formalização do trabalho no campo, as despesas com tributos das famílias rurais aumentaram em sete anos, já que somavam 4,4% do total de despesas em 2003.
De qualquer modo, a pesquisa do IBGE mostra um forte aumento das despesas com tributos e contribuições, nas áreas urbana e rural, entre 1975 e 2009, passando respectivamente, no caso urbano, de 4,7% para 11,3% e, no rural, de 2,4% para 5,4%. No total da pesquisa, incluindo área urbana e rural, as despesas com impostos ficaram inalteradas em 10,9% entre 2003 e 2009, e eram de 5,3% em 1975.
No que diz respeito aos gastos com pagamento de dívidas, totalizavam 2,0% das despesas familiares em 2003, passando para 2,1% em 2009, fatia inferior aos 3,6% de 1975. A coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Marcia Quintslr, disse que a composição das despesas na POF mostra "evidências" de aumento do rendimento das famílias nos últimos sete anos. "Não há valores, a pesquisa não traz isso, mas há evidências", disse.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares tem como objetivo mensurar as estruturas de consumo, dos gastos, dos rendimentos e parte da variação patrimonial das famílias brasileiras. Para a pesquisa divulgada hoje foram entrevistadas 55.970 famílias, entre maio de 2008 e maio de 2009. Os pesos dos produtos no cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também apurado pelo IBGE, são definidos a partir da POF. Pesquisas similares haviam sido realizadas pelo instituto em 1975 e em 2003.
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