SÃO PAULO - Pelo quarto dia consecutivo o dólar ganhou valor sobre o real, fato não registrado desde o começo de dezembro de 2007. No entanto, o teto de R$ 1,70 continuou sendo respeitado.
A moeda chegou a operar em baixa, mas as vendas não se sustentaram. Segundo analista de mercado que prefere não se identificar, a queda estava relacionada a fortes rumores de mercados de que a Fitch Ratings concederia o grau de investimento ao Brasil. Assunto que perdeu força no decorrer da tarde. " Teve essa boataria, mas também tivemos um movimento de saída de recursos. "
Depois bater R$ 1,703 na máxima, e R$ 1,677 na mínima, o dólar comercial encerrou o dia com leve alta de 0,35%, transacionado a R$ 1,692 na compra e R$ 1,694 na venda.
Na roda de " pronto " da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), a moeda apresentou alta de 0,24%, a R$ 1,694. O volume financeiro foi de US$ 516 milhões.
O operador se diz surpreso com o comportamento do dólar nos últimos dias. A expectativa era que uma enxurrada de dólares seguindo a obtenção do grau de investimento pela Standard & Poor ? s, mas a cautela tem falado mais alto.
Apesar da alta, que já é de 2,66% ma semana, o especialista indica que a visão dominante é de que o dólar deve seguir perdendo valor ante o real.
Segundo ele, as oscilações da moeda são pontuais, refletindo a ausência de investidores dispostos a tomar risco e montar grandes posições em câmbio. " Ninguém quer tomar risco. A cautela é o tom do momento " , afirmou, complementando que os próprios agentes estabeleceram um piso, de R$ 1,65, e um teto, de R$ 1,70, para a variação do câmbio.
Outro ponto mencionado pelo operador é a expectativa quanto ao pacote industrial que será anunciado na segunda-feira. Os exportadores, agentes que colocam dólares no mercado, estão retraídos aguardando as medidas que buscam a desoneração, menor burocracia e financiamento.
As discussões quanto à criação de um fundo soberano pelo estado brasileiro também somam incerteza ao mercado. A idéia voltou à tona depois de meses no esquecimento e pode resultar em uma demanda por moeda estrangeira da ordem de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões.
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