Pela primeira vez desde a privatização do setor, tempo médio que consumidores ficaram no escuro passou de 16,6 para 18,7 horas
A qualidade da energia elétrica entregue aos brasileiros piorou em 2009 com o aumento de apagões em todo País. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que, pela primeira vez desde a privatização, o número de horas que os consumidores ficaram sem luz superou o limite estabelecido para o período. O tempo médio subiu de 16,63 para 18,70 horas.
A deterioração começou a ser desenhada em 2008 e se aprofundou em 2009 com o apagão de novembro, que atingiu 18 Estados. Além disso, a sequência de desligamentos regionais contribuiu para elevar o indicador. Em várias regiões, o movimento se repetiu no primeiro trimestre.
As empresas, distribuidoras e transmissoras, atribuem o resultado às condições climáticas. Como a maior parte da rede é aérea, os fios são atingidos por raios e queda de árvores. Outra explicação está na alta do consumo residencial acima do previsto.
Nos últimos 5 anos, o uso de energia por esses clientes cresceu quase 30%. Só em 2009, o avanço foi de 6%, reflexo também dos incentivos dados pelo governo para a venda de eletrodomésticos durante a crise. Sem imposto, os produtos ficaram mais acessíveis. Isso elevou o consumo desses bens e da eletricidade.
Para alguns especialistas, porém, o aumento dos apagões está diretamente ligado ao volume de recursos aplicados na manutenção e operação da rede. Embora o volume de investimentos nos últimos anos tenha alcançado cifras elevadas - R$ 43 bilhões entre 2002 e 2008 -, isso não significa que foi suficiente para atender o crescimento do mercado, diz o professor Nivalde Castro, do Grupo de Estudo do Setor Elétrico da UFRJ.
Uma das explicações é que a conta investimentos inclui todos os tipos de projetos, desde obras na rede, universalização dos serviços, até melhorias internas, como mudanças em sistemas de informática. O consultor Abel Holtz acrescenta que, após a privatização, as companhias tiveram de recuperar anos de "quase" abandono da rede, o que exigiu mais investimentos.
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