Segundo o ministro, governo vai trabalhar para reverter a votação que feita na Câmara, mostrando aos senadores "a realidade das contas públicas"
BRASÍLIA - Ao sair de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, avisou que "o governo não vai se contaminar pelo clima eleitoral e o presidente não vai fazer como outros governos já fizeram, em 98, com relação à taxa de câmbio, e em 2002 em relação à curva de juros e à política monetária brasileira".
Ao ser indagado se o presidente Lula vetaria a proposta de aumento de 7,71% dos benefícios de aposentadoria acima de um salário mínimo, se o Senado confirmar a votação da Câmara, o ministro disse: "vocês estão falando se. Eu estou dizendo que o jogo está sendo jogado ainda para nós. O presidente não comentou se veta ou se não veta. O presidente acredita que o Senado vai reverter a situação que a Câmara aprovou e trabalha para isso". Padilha disse que o fim do fator previdenciário, também aprovado ontem pela Câmara, terá um impacto por ano de até R$ 4 bilhões.
Segundo Padilha, o governo vai trabalhar para reverter a votação que foi feita na Câmara, mostrando aos senadores "a realidade das contas públicas, a capacidade de o governo suportar um aumento de reajuste de aposentados". E emendou: "vamos mostrar tudo que nós já fizemos para os aposentados que ganham até um salário mínimo e esperamos que os senadores possam rever esta situação da Câmara".
Padilha reclamou que os deputados nunca tinham apresentado ao governo a proposta de reajuste dos aposentados de 7,71%, durante todo o debate de aprovação da Medida Provisória de concedia 6,14%, e que o limite aceitável de reajuste para o governo é de 7%.
O ministro Padilha insistiu que, "por conta de qualquer clima eleitoral, nós não vamos permitir que uma irresponsabilidade com as contas públicas seja realizada". Para ele, a "a responsabilidade fiscal é importante para manter a estabilidade econômica do país e também para que a previdência seja sustentável, não só para os aposentados atuais como para as gerações futuras". Para provar que o governo "não vai se contaminar com o clima eleitoral", o ministro Padilha lembrou que o presidente Lula já vetou matérias que não seriam possíveis de sustentar em um outro ano eleitoral, em 2006, também em relação a reajuste de aposentados. "Essa é a nossa conduta e vamos reforçar isso junto aos senadores", afirmou Padilha, sinalizando que o presidente Lula poderá vetar a proposta se o reajuste acima do que foi acordado com o governo for aprovado.
Padilha contou que ele mesmo avisou ao presidente Lula do resultado da votação, quando ele ainda estava em Montevidéu e que ele recebeu o resultado "com tranquilidade" e que "não houve cobrança nenhuma". "O presidente está muito tranquilo, está muito ciente e ciente de que não vai permitir que nenhuma irresponsabilidade fiscal seja feita em função de qualquer eleição", insistiu.
Sobre a possibilidade de o governo pressionar os aliados, com retaliação de cargos, por exemplo, o ministro reagiu: "esse governo não trabalha com retaliação a parlamentares". Questionado se a derrota foi atribuída à liderança do governo, o ministro explicou que "o que aconteceu foi não só da liderança do governo, mas dos outros líderes, que orientaram a votação. Acho teve um clima na Câmara de que os deputados decidiram por uma votação naquilo que eles acharam que era o melhor para o país, ou para os setores que eles defendem. Agora, o governo não pode suportar. O Congresso tem seus instrumentos para aprovar suas medidas e o governo tem os dele. Então, nós vamos estar apresentando isso no Senado e acho que vamos reverter essa posição no Senado", concluiu.
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