Farinha de trigo e tomate tiveram as maiores altas em Porto Alegre entre os 13 itens que compõem a cesta básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em abril, os porto-alegrenses gastaram R$ 226,78 para comprar a lista de produtos, R$ 10,66 a mais que em março (+ 4,93%). Em comparação com os 12 meses passados, o incremento é de 13,91%. Desde novembro, a Capital gaúcha não lidera mais o ranking de maior custo dos gêneros alimentícios essenciais. Nas 16 capitais pesquisadas e no mês passado caiu para terceiro lugar, sendo superada por Belo Horizonte (R$ 228,32) e São Paulo (R$ 227,81).
Para a economista do Dieese/RS, Daniela Sandi, a alta na farinha de trigo (+ 9,70%) foi provocada pela ampliação das importações do cereal do Canadá, com um valor 40% superior, para compensar as restrições impostas pelo governo argentino às exportações de trigo. Já o tomate (+ 37,93%) sofreu o impacto de mudanças climáticas e subiu em todo o País. "Em abril, além do tomate, que representa 16% do custo total da cesta, a carne, cuja participação é de 37%, também voltou a subir, com aumento de 2,21%, impulsionando significativamente os preços", explica Daniela. Entre as quedas de preços, os principais destaques foram a batata (-11,72%) e o feijão (-8,52%), mas mesmo assim o grão segue como a maior alta nos últimos 12 meses (143,34%).
Segundo o Dieese/RS, o valor da cesta básica representou 59,40% do salário mínimo líquido, contra 56,61% em março e 56,73% em abril de 2007. O trabalhador com rendimento equivalente a um salário mínimo necessitou, em abril, cumprir uma jornada de 120 horas e 13 minutos para adquirir os bens alimentícios básicos. Esta jornada é superior à necessária em março (114h e 34min) e exigida em abril de 2007 (115h e 16min).
No País, todas as capitais pesquisadas registraram alta. Fortaleza (7,84%), Belo Horizonte (6,95%), Brasília (6,67%), João Pessoa (6,51%), Belém (6,40%) e Curitiba (6,37%) tiveram as maiores elevações. Os menores aumentos ocorreram em São Paulo (1,73%) e Goiânia (1,97%). A economista do Dieese/RS diz que, mesmo sendo um grande produtor de alimentos, o Brasil sofre os impactos da majoração nas cotações internacionais das commodities.
|