O governo deve anunciar até o final deste mês as medidas de estímulo ao setor exportador, segundo informou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge. A preocupação de alguns setores com a competição acirrada no mercado internacional, a valorização do real e o aumento forte das importações foi debatida ontem (03) durante a reunião do Grupo de Acompanhamento do Crescimento (GAC), no Ministério da Fazenda. Miguel Jorge disse que os trabalhos técnicos estão praticamente finalizados. Ele e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, devem se reunir até o final da próxima semana para fechar o conjunto de medidas que será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, as propostas visam desburocratizar, reduzir os custos das exportações, melhorar os financiamentos e as garantias de crédito ao exportador.
Ele garantiu que não há medidas cambiais. O ministro confirmou que, entre as medidas, estará a criação de um braço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) para operar o comércio exterior, nos moldes do Eximbank americano. "Estamos usando o BNDES, criando uma diretoria especial só para exportação", explicou. Ele, no entanto, destacou que o Banco do Brasil continuará tendo um papel preponderante na questão das exportações brasileiras. "O BB é quem tem a capilaridade para trabalhar o processo de financiamento das exportações". O BB também disputava as funções de Eximbank.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, defendeu na reunião do GAC a necessidade de resolver o problema de acúmulo de crédito tributário do setor exportador. "Neste cenário pós-crise, que tem um acirramento da competição, além da desvantagem de o real estar valorizado, ou o Brasil avança para melhorar na burocracia, nas condições de financiamento e para desonerar as exportações, ou vamos perder espaço no mercado externo", disse.
Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), afirmou que o grande desafio para o setor de infraestrutura é garantir a oferta de financiamentos de longo prazo. O setor espera que os investimentos anuais cheguem a R$ 160 bilhões em 2014, ante os R$ 106 bilhões atuais. A Abdib calcula que será necessária ampliar em mais R$ 40 bilhões a oferta de crédito atual para fazer face a esta previsão de investimentos.
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