O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem a redução em R$ 0,08 da (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina. Com isso, o valor da contribuição cai de R$ 0,23 por litro para R$ 0,15. Mantega disse que a medida visa a contrabalançar o aumento do preço da gasolina decorrente da redução de 25% para 20% da quantidade de álcool presente em sua mistura. Mantega informou que a redução da Cide também deve levar a uma pequena diminuição média de ICMS, em torno de R$ 0,025. Ele disse que a menor mistura de álcool e a própria elevação no preço do álcool fariam com que o preço da gasolina tivesse um aumento de 4%, o que significaria em torno de R$ 0,10 por litro. A diminuição de Cide e ICMS neutralizará esse aumento do preço final da gasolina. "Mantemos a estabilidade do preço da gasolina", disse o ministro em entrevista
Segundo Mantega, a medida valerá a partir de amanhã, até o dia 30 de abril deste ano, quando também se encerrará a redução da mistura do álcool à gasolina. Mantega ressaltou que a medida terá impacto fiscal estimado em R$ 91 milhões e lembrou que estratégia semelhante já foi adotada em 2008. "Volatilidade não é bom. O objetivo da medida é estabilizar o preço. É uma medida que nós já praticamos", disse Mantega, lembrando que é natural que haja sazonalidade na economia e que em cerca de dois meses a safra de cana-de-açúcar será colhida levando à redução no preço do álcool. Questionado se a medida seria um meio de conter a inflação e adiar a alta dos juros, Mantega respondeu: "Esse é um raciocínio seu. Nosso objetivo é estabilizar o preço da gasolina". O ministro destacou ainda que a gasolina é um insumo importante para toda a economia.
Os preços do etanol já atingiram seu teto e até registraram ligeira queda ao produtor a partir da semana passada, afirmou o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Antonio Padua Rodrigues. Segundo ele, o etanol permanece competitivo em relação à gasolina neste momento em apenas 8% da frota de veículos. "A alta nas cotações de etanol fez com que o consumidor migrasse para a gasolina. Como o produtor ainda possui algum estoque de etanol, a tendência é de que os preços registrem uma ligeira queda", disse.
A partir da entrada da safra nova 2010/11, em abril, os preços devem recuar de forma mais expressiva saindo do atual patamar de R$ 1,20 para até R$ 0,85 por litro ao produtor. Rodrigues reafirmou que a expectativa é de que a safra 2010/11 no Centro-Sul registre a moagem esperada para 2009/10 e que não se concretizou em função da crise econômica e das chuvas. Segundo ele, na safra que começa antecipadamente em meados de março a produção de etanol deve atingir os 27 bilhões de litros. Na atual safra, foram produzidos 22 bilhões de litros com a queda da produtividade da cana.