O fluxo de dólares para o Brasil voltou ao terreno positivo em 2009 e, no primeiro ano após o estouro da crise, o País atraiu o terceiro maior volume de recursos da história. Dados do Banco Central mostram que US$ 28,7 bilhões ingressaram na economia no ano passado. Dois terços desse volume foram atraídos pelas aplicações em ações, títulos de renda fixa e investimentos produtivos, que receberam US$ 18,8 bilhões, novo recorde histórico.
O restante ingressou graças às exportações que, apesar de terem caído na comparação com 2008, ainda superaram as importações em US$ 9,9 bilhões.
O crescimento do chamado fluxo cambial também permitiu que o Banco Central reforçasse ainda mais as reservas internacionais do País. Desde maio, quando retomou os leilões diários de compra de moeda estrangeira, o BC adquiriu no mercado US$ 27,4 bilhões - o equivalente a 95,6% do volume de recursos externos que ingressou na economia em todo o ano. Em média, o BC tem comprado cerca de US$ 150 milhões todos os dias.
O retorno dos dólares ao Brasil começou a ocorrer apenas sete meses após o agravamento da crise que ocorreu em meados de setembro de 2008. Desde abril do ano passado, o fluxo da moeda norte-americana é positivo todo mês. Entre abril e dezembro de 2009, o País recebeu US$ 31,7 bilhões. O valor foi mais que suficiente para cobrir o rombo de US$ 21,1 bilhões gerado pela fuga dos estrangeiros que deixaram o País entre outubro de 2008 e março de 2009, no auge da crise.
"Quando a crise estourou, o estrangeiro cancelou as operações de maior risco, inclusive no Brasil, para deixar o dinheiro em caixa, disponível. Passada a crise, ele passou a olhar o Brasil como a bola da vez porque a economia está reagindo antes do resto do mundo e ainda temos uma bela taxa de juro", diz o professor de economia da USP Fábio Kanczuk.
Capital estrangeiro sustenta avanço da Bovespa
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) já acumula oito pregões de valorização das ações, sustentada pelo fluxo de capital estrangeiro - que foi recorde no ano passado - e o otimismo dos investidores sobre a recuperação da economia global. Desde 21 de dezembro, data do último pregão em que o índice de ações retraiu, a bolsa já teve alta de 7,3%. O Ibovespa, o termômetro dos negócios da bolsa paulista, avançou 0,70% no fechamento, aos 70.729 pontos, o patamar mais alto desde junho de 2008. O giro financeiro foi de R$ 7,196 bilhões.
"O Fed mostrou que ainda está preocupado com a economia e que deve manter os juros baixos. E o relatório de empregos teve o melhor resultado em meses, quer dizer, indicou que a situação ainda está ruim, mas melhorando um pouco", sintetiza Bernardo Rodarte, gerente de operações da corretora Sita. O dólar comercial foi vendido por R$ 1,7390, alta de 0,46%, nas últimas operações. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,740 e R$ 1,729.
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