O Banco Central avisou que está pronto para voltar a aumentar a taxa básica de juros do País ainda neste ano para evitar uma alta generalizada da inflação. A informação faz parte da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom). A ata do Copom foi divulgada nesta quinta-feira, uma semana depois de o Banco Central elevar os juros de 11,25% para 11,75% ao ano. Os analistas do mercado financeiro acreditam que a taxa terminará o ano em 12,75%.
"O Copom conduzirá suas ações, estando pronto a ajustar a postura de política monetária de forma a evitar a consolidação de um cenário no qual reajustes pontuais se transformem em reajustes persistentes ou generalizados de preço", diz a ata. A diretoria do BC avalia também que o aumento dos juros agora é importante por conta da demanda aquecida dos consumidores e do fato de que a alta da Selic terá impacto "concentrado no segundo semestre de 2008 e em 2009".
Na ata, o BC cita várias vezes expressões que mostram a alta recente de preços como "impactos inicialmente localizados", mas apontam para o risco de uma "deterioração persistente" da inflação, o que teria justificado o aumento dos juros.
"Respaldada pela experiência internacional, a atuação da política monetária tende a ser mais efetiva, atingindo seus objetivos com maior rapidez, quando a deterioração da dinâmica inflacionária está em seus estágios iniciais, do que quando esta se encontra consolidada", diz o BC.
O Banco Central continua prevendo que o preço da gasolina deve ficar inalterado em 2008, mas diz que aumentou a possibilidade de que haja um reajuste por causa da disparada na cotação do petróleo. "O cenário central de trabalho adotado pelo Copom prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2008, ainda que a probabilidade de se configurar um cenário alternativo venha aumentando", diz o BC por meio da ata da reunião mais recente do Copom.
O BC diz também que, mesmo que o preço da gasolina não suba, a economia brasileira sofrerá com os efeitos da alta do petróleo sobre outros produtos, como na área petroquímica. Após a decisão de elevar os juros em 0,5 ponto percentual, ficou aberto o caminho para uma rodada de reajuste do preço dos combustíveis no País. O último reajuste oficial da gasolina no País foi em 2005.
No mês passado, quando a cotação do barril do petróleo ainda estava por volta de US$ 110, o BC avaliava que os preços da gasolina e do gás de cozinha (bujão) não sofrerão aumentos no decorrer do ano. Nesta terça-feira, no entanto, o barril chegou a atingir US$ 119,90. A gasolina representa quase 5% do IPCA, índice de inflação de referência.
Alta no valor das commodities também preocupa
O Copom também cita na ata divulgada nesta quinta-feira a alta no preço das commodities no mercado internacional, especialmente dos grãos, como fator para gerar uma piora no cenário inflacionário no País. O ministro Guido Mantega disse que o aumento no preços dos alimentos é o principal problema mundial, o que deve ser agravado com a influência indireta da alta do petróleo nos insumos agrícolas. "A alta do petróleo tem impacto na inflação mundial e pode afetar indiretamente o Brasil. Ela entra nos custos dos alimentos, porque há derivados de petróleo que entram na agricultura", disse Mantega. Também foram mantidas as projeções de reajuste zero para o gás de botijão e de aumento de 3,5% para as tarifas de telefonia. Por outro lado, foi reduzida a previsão de reajuste na conta de luz, que caiu de 1,1% para 0,1% em 2008.
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