Bolsa em alta, juro em queda e dólar em baixa formaram o cenário ideal para os gestores de fundos multimercados em 2009. Apelidada de "kit Brasil", a famosa estratégia de grande parte dos fundos resultou no bom desempenho da categoria. O índice parâmetro (CDI), que tem alta de 9,5% no ano, foi superado pela maioria das classes de multimercados.
"O juro e o dólar desmoronam, enquanto a Bolsa sobe quase 80%", diz o superintendente-executivo multimercado da Bradesco Asset Management, Luis Soares. "Os três principais mercados geraram retornos expressivos. Fica até difícil apontar qual contribuiu mais para o desempenho."
As fortes perdas de 2008 estão sendo revertidas, segundo gestores. "No ano passado, a queda da Bolsa e a alta do juro e do dólar afetaram o desempenho. Houve uma verdadeira sangria no patrimônio", diz o gestor da Vetorial Asset Management, Sérgio Machado, ao lembrar da captação (aplicações menos resgates) negativa de R$ 46,4 bilhões.
Em 2009, o fluxo é positivo em R$ 32,5 bilhões, até 11 de dezembro. O juro baixo achatou a rentabilidade de aplicações conservadoras e incentivou a migração de recursos. Foi o caso do jovem investidor Victor Fracarolli Bazilio, de 15 anos. "Aplicava num CDB. O retorno acima do CDI me chamou a atenção e há três meses ingressei num multimercado", conta Bazilio.
O fundo escolhido foi um macro que rende mais de 200% do CDI no ano. Os fundos macro têm o maior retorno entre as classes criadas pela Anbima (entidade que representa instituições financeiras) em 2009. "Eles apostam num cenário de longo prazo, geralmente positivos, ou seja, no kit Brasil", diz Machado.
Para 2010, o cenário é positivo, já que são esperados alta da Bolsa e dólar fraco. O juro pode ser uma barreira. "O juro futuro precifica três altas de 0,5 ponto porcentual e uma de 1 ponto", diz Machado. Se o Banco Central surpreender o mercado negativamente, a projeção pode subir e os fundos encontrar dificuldade de repetir a rentabilidade de 2009.