O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado ontem após a manutenção do juro básico da economia em 8,75% ao ano, por unanimidade, traz duas diferenças se comparado ao texto de outubro. No documento desta quarta-feira, os diretores do BC citam que a margem de ociosidade dos fatores produtivos é “remanescente”. Em outubro, a avaliação não tinha esse adjetivo. Além disso, o texto de dezembro cita que o nível do juro é “neste momento” consistente com um cenário inflacionário benigno. A ata será divulgada na próxima quinta-feira e a primeira reunião de 2010 ocorrerá dias 26 e 27 de janeiro.
A decisão de ontem veio exatamente como esperava o mercado financeiro. Levantamento feito com 60 instituições mostrava que todas as 60 casas trabalhavam com expectativa de manutenção da taxa Selic. Essa foi a primeira reunião com a participação do novo diretor de política monetária, Aldo Luiz Mendes. O antigo vice-presidente do Banco do Brasil assumiu o lugar de Mário Torós que deixou a instituição após revelar à imprensa detalhes sobre a estratégia do BC no período mais agudo da crise financeira no fim do ano passado e primeiros meses de 2009.
“A economia brasileira termina 2009 com a sensação de um ano que começou apenas no segundo semestre, mas com ótimas perspectivas para 2010. Dessa forma, não podemos falar em aumentos da taxa de juros em pleno processo de recuperação”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre, ao avaliar a decisão. “A economia precisa de juros baixos para estimular o investimento e não frear o processo de retomada da atividade“, complementou Tigre.
Na contramão do mercado, que sinaliza com a subida da taxa básica a partir das reuniões de 2010, e alinhada à Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defende que há espaço para reduzir ainda mais a Selic. “A expectativa de inflação para 2010 está dentro da meta e a maior parte dos países do mundo pratica hoje juros próximos de zero”, cita a entidade.