A Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) traçou ontem cenários do mais pessimista ao mais otimista e detectou, nos dois extremos, que a economia gaúcha em 2010 ficará atrás do desempenho médio do Brasil. No pior quadro, o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho crescerá 3,6%, no moderado, 4,9%, e no mais positivo, 5,6%.
Já para o País, a aposta mais acanhada indica alta de 4,6%, comportamento intermediário e com mais chance de se firmar, de 6,1%, e a mais eufórica, de 6,9%. O prognóstico foi interpretado como advertência para a perda de espaço da atividade local dentro dos principais estados brasileiros e de que deve haver coordenação entre investimento público e privado para reduzir o distanciamento com a média nacional.
A indústria gaúcha deve fechar o ano com maior recuo, em -8,2%, efeito das exportações em baixa e do maior impacto da crise sobre setores como mecânica básica e transportes. Para o próximo ano, o cenário é de reversão, com impulso das áreas que mais sentiram o baque da crise em 2009.
O presidente da Fiergs, Paulo Tigre, defendeu o impulso a segmentos emergentes, como as áreas naval, biocombustíveis, florestas e microeletrônica. O grupo foi chamado como a "nova economia" a ser impulsionada. O dirigente acredita na possibilidade de o Estado liderar o desenvolvimento do País, mas condicionou a um planejamento de médio e longo prazo, manutenção do superávit fiscal e aumento da capacidade de investimentos públicos e privados. "Estamos pensando no longo prazo e agindo no curto prazo", criticou o presidente da Fiergs. Tigre espera que haja ações de governo. Caso não ocorram, o setor empresarial deverá propor ações para alavancar e acelerar ambientes mais atrativos para projetos em inovação e na educação.
O descompasso entre a evolução do PIB gaúcho e o nacional é demonstrado pela média do período entre 2002 e 2009. Enquanto o País cresceu 3,97%, o Estado ficou em 2,49%. A projeção da Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Fiergs é de que 2009 se encerre com economia com crescimento negativo no Estado, em -1%. Já a brasileira deve terminar com leve alta de 0,8%. Tigre alertou que o Estado vem perdendo competitividade e investimentos para outras unidades da Federação. "Sem investimento privado e público teremos dificuldades de acompanhar o crescimento do País", concluiu o dirigente.
A herança de décadas de baixo investimento público atrelado a déficit constante das contas estaduais foi indicada como fator que distanciou o Rio Grande do Sul das demais regiões. O dirigente ressaltou que pela primeira vez o Estado terá investimento, previsto em mais de R$ 1 bilhão para 2010, com garantia de superávit. "As aplicações diretas do Estado, sem os recursos de estatais, ficarão em 8% do orçamento". Para Tigre, deve haver uma definição mais clara de projetos a serem desenvolvidos. "Se o governo não definir, os empresários vão apresentar propostas".
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