O ano fechará negativo para a economia gaúcha, mas 2010 será de recuperação. A área econômica da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS) projetou em 30/11 que a atividade local crescerá 5,4% no próximo ano, levemente acima da aposta de 4,5% de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do País. O desempenho se explica devido à base deprimida de comparação de 2008, puxada para baixo pela retração industrial e das exportações. Mesmo assim, comércio e atacado fecharão o ano com vendas positivas.
"O ano de 2009 é de assimetrias, e o de 2010 será de recuperação", qualificou o assessor econômico do sistema Fecomércio, Marcelo Portugal. O contraste é justificado pela largada deste ano em marcha lenta, com maior depressão da produção, e pelos indicadores recentes que sinalizam escalada da atividade comercial e começo de reversão da maré baixa da indústria. "Este segmento do Estado está sofrendo mais com o recuo das vendas externas, pois a economia depende mais destes negócios comparado à media nacional", acrescentou Portugal.
O comércio deve fechar 12 meses, até dezembro, com avanço de 1,89% nas vendas, projetou a assessoria econômica. As empresas do atacado terão melhor resultado, com alta de 2,5% nos negócios, efeito da demanda alavancada pela demanda de outros estados, principalmente na párea de cereais. Segundo Portugal, a condição mais positiva do setor se deve à manutenção da renda, que não sofreu abalos de crises passadas sacudidas por inflação mais elevada. O primeiro vice-presidente da Fecomércio, Moacyr Schukster, apontou a expansão de crédito no ano como remédio que aqueceu a demanda para atacado e varejo e sustentou melhor desempenho do setor frente a demais indicadores. Schukster, que reforça o clima de recuperação mais forte em 2010, só recomenda cautela com preços, para evitar surtos de inflação. "Com maior demanda, indústria mais aquecida e oferta de crédito no ritmo atual é importante monitorar e tomar alguma atitude ante altas excessivas de preços."
Uma maior inadimplência, ante ampliação de financiamento e consumo acelerado, foi afastado pelo primeiro vice-presidente. "Tivemos perda de postos de trabalho no primeiro semestre, que já estão sendo recuperados.
Isso assegura renda para quem tiver de pagar débitos", acredita. A entidade aposta ainda em taxa básica de juros (Selic) em 10% em 2010, ante os 8,75% de 2009, e câmbio de R$ 1,65, mais baixo que o R$ 1,70 de 2009. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é estimado em 4,5% para o próximo ano, semelhante aos 4,3% que poderá fechar 2009.
O primeiro semestre do ano foi o patinho feio da atividade econômica, sinalizou o economista. A situação começou a melhorar a partir do terceiro trimestre, mas em outubro a produção industrial brasileira ficou 8% abaixo do mesmo mês de 2008. Já o comércio vendeu 4% a mais no confronto do período. Os indicadores de PIB, ainda não conhecidos para o terceiro trimestre no Brasil e no Estado, devem reforçar as diferenças. "O Brasil deve ficar próximo de zero, mas positivo, mas o desempenho gaúcho será negativo", prognosticou Portugal. Para o economista, 2009 foi o ano "da parada técnica".
Para o Estado, que apresentava prévia do PIB medida pelo Índice de Atividade Produtiva,, com queda de 5,3%, a recuperação no próximo ano terá influência da atividade primária e retomada da indústria. Neste ambiente, a dúvida será o comportamento do governo estadual com relação a gastos. O cientista político e assessor da federação Rodrigo Giacomet, mostrou preocupação do empresariado com a manutenção do déficit zero, trunfo do atual governo, em ano eleitoral. Giacomet traçou quadro de polarização na campanha local, que poderia abrir espaço para um terceiro nome. No cenário nacional, o cientista político afasta danos à economia devido à eleição. "Temos alternância de poder, democracia e estabilidade, com tendência de nova gestão manter a atual linha de política econômica", aposta.
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