Entre os principais problemas está a deficiência no transporte público
Porto Alegre já sabe o que terá de melhorar para estar pronta e dentro das exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa) para a Copa do Mundo de 2014. A direção da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) entregou nesta quinta-feira, no Palácio Piratini, cópias do relatório elaborado pela entidade à governadora Yeda Crusius e ao prefeito da Capital, José Fogaça. O diagnóstico, feito entre 2008 e começo deste ano, não aponta valores a serem gastos para ajustar as condições, mas mostra que a cidade está abaixo do mínimo previsto em oito das nove áreas envolvidas no Mundial.
Apenas em telecomunicações, a estrutura disponível de telefonia fixa, celular e acesso à internet atende aos padrões para a competição. Os parâmetros são estabelecidos no chamado Caderno de Encargos da Fifa. Já em todos os demais grupos - mobilidade urbana, aeroportos, portos, rede hospitalar, saneamento, energia, rede hoteleira e segurança - há boa parte de indicadores abaixo das exigências. O prefeito considerou o diagnóstico "preciso" e garantiu que muitas medidas para adequar a estrutura local já estão em andamento.
"Vamos cumprir todas as exigências até 2012. Não só porque é o fim do meu mandato, mas porque queremos nos candidatar à Copa das Confederações, em 2013", sinalizou Fogaça. A Copa é considerada um pré-teste das subsedes para o Mundial. Entre os maiores problemas a serem corrigidos, estão alta densidade de população em ônibus e maior tempo de deslocamento em transportes coletivos, frota reduzida de táxis, baixa capacidade de pousos no Aeroporto Internacional Salgado Filho, oferta insuficiente de leitos em hotéis de alto padrão e em hospitais públicos, efetivo limitado de segurança pública, baixo índice de tratamento de esgoto (menos de 10%) e interrupções de energia acima do previsto como aceitável.
O secretário extraordinário para a Copa pelo município e vice-prefeito, José Fortunati, apontou mobilidade como maior gargalo. A implantação dos Portais da Cidade, com novos modelos de ônibus e terminais de baldeação, é solução para o setor, que não poderá contar com metrô. O trem foi descartado pelo governo federal para a Copa. Fortunati preveniu que sem a ampliação da pista do aeroporto, cuja obra é aguarda há anos e poderá começar em 2010, a Copa não sai em Porto Alegre.
Na área de energia, o secretário estadual para a Copa de 2014, Paulo Odone, assegurou que já está em negociação, com recursos que poderão ser liberados pelo Bando Interamericano do Desenvolvimento (BID), investimento de R$ 300 milhões para novas subestações de energia, entre elas uma exclusiva para alimentar o Beira-Rio, estádio oficial da competição. "Um fator que é decisivo é que todos os investimentos devem ter efeitos além do Mundial, devem deixar um legado", ressaltou Odone.
A Fifa escolheu 12 cidades brasileiras para receber jogos da primeira fase. A Capital é a quinta escolhida a ter em mãos o relatório. O vice-presidente executivo da Abdib, Ralph Lima Terra, informou que a entidade pretende acompanhar a execução de cada item. Terra acrescentou que no balanço de todas as cidades foi apurado que 25% dos requisitos estão adequados e que 50% já são alvo de projetos e ou estão em andamento. O Estado e a Capital terão sistema de gestão informatizado, desenvolvido pela associação. Terra evitou comentar nível de investimentos para corrigir deficiências. Também esclareceu que os dados usados como referência para confrontar com o Caderno de Encargos são de 2007 e que serão feitas atualizações.