Os exportadores brasileiros têm US$ 11 bilhões no exterior, pelos cálculos apresentados por Emílio Garófalo, que este mês assumiu o cargo de assessor especial do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A cifra corresponderia à diferença entre o valor já exportado e os recursos que foram trazidos para o País. O valor citado refere-se ao fim do mês passado. Garófalo chegou a citar US$ 13 bilhões ontem, no 29º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), mas em seguida corrigiu o número em entrevista à imprensa. "Há uma nuvem de câmbio mantida lá fora pelos exportadores. Quero entender por quê." Ele também afirmou, na palestra a exportadores, que "há boatos de que estão voltando" as operações especulativas com derivativos pelas empresas brasileiras.
"Nada contra derivativos, mas a excessiva especulação sobre eles resultou no momento negativo que tivemos no fim do ano passado", declarou, destacando que ainda se trata de boatos. "Não há nada confirmado", reiterou. O economista observou que as linhas de comércio exterior se reduziram drasticamente na crise do ano passado, até mesmo porque "o sistema financeiro temia emprestar a empresas brasileiras por possível envolvimento em operações com derivativos tóxicos", disse ele, sem citar nomes de empresas, como Sadia e Aracruz.
Especialista em câmbio há 35 anos, o novo assessor do Ministério da Fazenda explicou que sua função no governo "deve ser" preparar medidas para o câmbio. Ele deu pistas sobre sua atuação: defendeu o câmbio flutuante e a atualização de regras feitas no passado em outro contexto "e hoje ninguém sabe por que estão ali". Ele disse que estuda a proposta da Fiesp relacionada ao câmbio e que é prioridade o sistema em moeda local (SML), que permite comércio exterior em reais e pesos com a Argentina e será estendido a outros países vizinhos. O sistema está em funcionamento, mas com pequeno volume de negócios.
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