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04/11/2009 - Comércio Brasil-China pode adotar real e yuan
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O Brasil e a China já oficializaram a criação de um grupo de trabalho para viabilizar a implantação de um sistema de pagamento em moeda local. Maior parceiro comercial do Brasil, a China já está fazendo estudos sobre a demanda interna para esse tipo de sistema de pagamento, que permite a substituição do dólar norte-americano no comércio bilateral.
A avaliação no governo brasileiro é de que os impactos da desvalorização do dólar no comércio exterior podem ser diluídos por meio de negócios com moedas locais. O Brasil já fechou acordo com a Argentina, negocia com o Uruguai, e tenta avançar agora nas negociações com seus parceiros do Bric: Rússia, Índia e China. As negociações acontecem em meio ao debate internacional de busca de alternativas ao dólar como principal moeda de troca no comércio mundial. Nesse cenário, o euro e as moedas de commodities (de grandes exportadores de commodity) podem ganhar espaço.
A criação de um sistema de pagamento em moeda local deverá ser discutida durante encontro do Bric, que acontecerá paralelamente à reunião de ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20 (maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento). A reunião do G-20 está marcada para o final desta semana em Saint Andrews, na Escócia, no aniversário de dez anos do primeiro encontro do grupo.
A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, Maria Celina Berardinelli Arraes, avaliou que esses sistemas mitigam o risco cambial para os exportadores, que passam a saber exatamente quanto vão receber nas suas vendas para o exterior.
A diretora informou que partiu do governo chinês a proposta de criação do grupo de trabalho. Por enquanto, as negociações com os parceiros do Bric ainda estão em estágio embrionário, mas a "vitrine" que o Brasil tem para mostrar é o sistema já implementado com a Argentina, que entrou em operação em outubro do ano passado, no auge da crise internacional.
Integrantes do governo da Rússia já conheceram in loco, no final de outubro, o sistema com a Argentina, durante visita a Brasília. Segundo a diretora do BC, os chineses têm uma experiência de comércio com moeda local na fronteira com a Rússia, mas num modelo muito diferente.
O maior desafio para as negociações com o Bric é a complexidade das economias (a Índia, por exemplo, tem estrutura de câmbio controlado). Mas também há muitas diferenças culturais e regulatórias que precisam ser melhor conhecidas pelos países, necessidade que já não acontece com os parceiros vizinhos do Mercosul. Um exemplo dessa dificuldade, contou a diretora, é de que havia uma percepção inicial de que a proposta de criação de um sistema de pagamento tratava-se de financiamento de comércio.
A Rússia, ressaltou ela, teve experiências não muito boas com financiamento de comércio. "Estamos na fase de conhecer as normas, a legislação dos países", disse a diretora, que preferiu não arriscar prazos para as negociações com os países do Bric. Com o Uruguai, a expectativa do BC é que o sistema deverá estar em funcionamento no segundo trimestre do ano que vem.
Se formalizado o acordo com a China, os exportadores dos dois países poderão liquidar as suas operações em real ou em yuan (a moeda chinesa). De acordo com Maria Celina, uma das vantagens do uso de moedas locais nas operações bilaterais de compra e venda é a redução de custos da operação, já que não há o pagamento da comissão na conversão de uma terceira moeda - no caso, o dólar, que é a moeda comercial em todo o mundo. O sistema também provoca aumento de liquidez e de eficiência do mercado de câmbio nas moedas locais.






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