O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, voltou a afirmar que a perspectiva do crédito no Brasil é de crescimento, o que amplia a responsabilidade daqueles que concedem financiamento no País. Segundo ele, o crédito oferece uma grande oportunidade, mas a crise mostrou que os problemas com financiamentos ocorrem nos períodos em que há expansão dos volumes e, por isso, o Banco Central e o setor privado devem estar atentos à qualidade das operações.
Ele observou que o volume de crédito concedido já retornou aos níveis pré-crise e as perspectivas são muito favoráveis, considerando a retomada dos investimentos para o setor privado, o pré-sal, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e eventos esportivos, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Tudo isso, segundo Meirelles, impõe uma "macrogerência por parte do governo e uma boa microadministração".
Do lado macro, ele afirmou que é importante que o Brasil mantenha uma política monetária responsável, o câmbio flutuante e que garanta condições para queda da relação dívida/PIB. Meirelles reforçou a importância da estabilidade da economia e lembrou que ela traz mais benefícios do que custos. Meirelles observou que, em muitas situações, como por exemplo em 2003, falou-se apenas do custo da estabilidade - especificamente quando os juros precisaram subir para combater a inflação -, mas ele lembrou que, à medida em que há estabilidade da inflação, o custo financeiro cai, tanto do ponto de vista das taxas de juros reais da economia, como do spread bancário (diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes).
O spread também terá uma tendência de queda nos próximos anos, apontou. Do lado micro, Meirelles alertou para a necessidade de a expansão do crédito ser bem gerenciada e observou que uma medida que pode contribuir nessa direção é a criação do cadastro positivo. Isso, segundo ele, poderá expandir a capacidade de concessão de crédito com mais segurança. O BC brasileiro, disse ele, trabalha hoje com outros bancos centrais do mundo, com o objetivo de melhorar a regulação do sistema financeiro. "Somos muito demandados pela nossa experiência de sucesso", afirmou.
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