O resultado das exportações do Rio Grande do Sul nos primeiros nove meses do ano reflete a situação delicada pela qual passa o setor externo. Com queda de 28% em dólares - menos US$ 3,4 bilhões embarcados - frente ao mesmo período de 2008, o resultado atinge o faturamento de importantes setores da economia gaúcha, assim como produz uma nova configuração nas transações com o exterior. “Os principais compradores de produtos industriais do Estado ainda não se recuperaram completamente da crise, como é o caso dos Estados Unidos e da Argentina. Dessa forma, os segmentos mais afetados são aqueles que produzem bens de capital e insumos industriais”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre.
Outro importante fator de impacto no faturamento é a da taxa de câmbio. Desde janeiro, o real já valorizou 25% em relação do dólar, muito acima do movimento verificado em outras moedas de países que exportam produtos que concorrem com o Rio Grande do Sul. Quando medida em reais, as exportações gaúchas apresentam queda de 12% até setembro, sobre igual período de 2008. Isso representa R$ 3,1 bilhões a menos em circulação na economia local, restringindo a capacidade do setor industrial de se recuperar da atual crise financeira internacional. “O câmbio hoje é uma das maiores preocupações do setor exportador brasileiro e precisa ser equacionado de forma direta ou com medidas compensatórias”, afirmou Tigre.
Os segmentos industriais do Rio Grande do Sul nos quais ocorreram as maiores quedas das exportações foram Material de Transporte (-73%), Metalurgia Básica (-56%) e Máquinas e Equipamentos (-28%). Juntos, responderam por 75% da retração nas vendas no acumulado do ano.
O Rio Grande do Sul está na terceira posição entre os estados exportadores brasileiros, com 9,9% de participação. O primeiro lugar continua com São Paulo (27,4%), e Minas Gerais com o segundo (12,6%). Entre os principais destinos dos produtos industriais gaúchos no ano, a China ocupa a primeira posição. O país asiático aumentou de 10,4% para 18,5% a sua participação, em comparação com 2008. A Argentina recebeu 8,1% dos embarques e ficou em segundo lugar. O terceiro foram os Estados Unidos, que compraram 7,9%, uma redução de 57% nos pedidos. “Com o redirecionamento de sua economia para o mercado interno, a China retomou rapidamente o crescimento. Essa característica é refletida no tipo de produto demandado pelo País, prioritariamente alimentos e insumos para a indústria”, comentou Tigre.
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