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09/10/2009 - País está longe da autossuficiência em GLP
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A expectativa de que o Brasil se torne autossuficiente na produção de gás liquefeito de petróleo (GLP) ainda este ano recebeu um balde de água fria do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli de Azevedo. Além de não acreditar na finalização das importações no médio prazo, ele alertou sobre os avanços do gás natural, cuja utilização no segmento residencial deve crescer nos próximos anos, ocupando também o espaço do gás LP.

A Petrobras vai construir cinco novas refinarias, com investimentos de US$ 50 bilhões nos próximos anos, e a ideia é que elas sejam preparadas para produzir destilados leves, como diesel e GLP. Mas, nesse último caso, o próprio Gabrielli acrescenta que o incremento será pequeno. “Não existe isso de poupar investimentos por não considerarmos o gás LP importante. Mas temos que lidar com as especificidades técnicas e químicas dessas plantas”, diz. Ele destacou ainda a necessidade desse segmento evoluir mais em algumas áreas, como a matriz tecnológica e o transporte, que não são os mais eficientes, já que a embalagem acaba sendo mais cara que o próprio produto.

O presidente da estatal participou, nesta quinta-feira, da abertura oficial do Fórum Mundial de Gás LP, que pela segunda vez acontece no Rio de Janeiro e que trouxe para o Brasil alguns dos principais players do segmento no mundo. A cerimônia contou ainda com a participação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do superintendente de Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Dirceu Cardoso Amoretti Junior.

O discurso de Gabrielli, que de certa forma contraria a expectativa que vem sendo revelada desde o primeiro dia do evento, foi encarado com tranquilidade pelo presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello. Segundo ele, as projeções feitas pelo setor de chegar à autossuficiência foram baseadas nos estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). “Talvez a Petrobras tenha uma expectativa de crescimento da demanda maior que a nossa. Quem dera precisarmos importar mesmo com todo esse aumento de produção”, ressalta.

A oferta de GLP no País é de aproximadamente 8 milhões de toneladas/ano e os estudos da EPE apontam que devem chegar a 11,4 milhões de toneladas/ano em 2020 e 17 milhões de toneladas/ano em 2030. O gerente de comércio de LP da Petrobras, Fernando Nogueira, revela que o Brasil importou 1,25 milhão de toneladas de gás LP no ano passado, números que devem fechar da mesma forma em 2009. “Há uma redução da dependência nos últimos anos, mas ainda temos esse perfil de importadores nesse segmento”, diz. O País compra principalmente da Argentina, África e dos países europeus, dependendo dos custos praticados.

A demanda de GLP ainda está muito concentrada nos Estados Unidos e na Ásia. Na América Latina, o Brasil tem um quarto do mercado total, mas ainda não pode ser considerado um grande consumidor industrial, tendo a sua atuação ainda mais restrita ao mercado doméstico, onde ocupa o segundo lugar entre os maiores consumidores do produto no mundo, atrás apenas do México. Entre as oportunidades de um crescimento ainda maior nessa área está na introdução de forma mais efetiva do gás LP para substituir a lenha - que tem participação de 35% nas residências - e os chuveiros elétricos, já que pelo menos 80% da água doméstica para banho são aquecidos dessa forma.

Sobre os avanços do gás natural, Mello não acredita que a concorrência seja muito nociva para o segmento. “Chegamos com o GLP em lugares em áreas onde o gás natural não consegue. Além disso, estamos diversificando o uso desse produto”, acrescenta. Atualmente, o GLP tem 3,5% de participação na matriz energética brasileira, contra os 7% do gás natural. Considerando o mercado residencial, porém, o gás LP tem uma fatia de 26%, contra 1% do gás natural.





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