Em cem anos de rivalidade, torcedores de Grêmio e Internacional cultivaram diferenças culturais. Na imaginação coletiva, o Inter tem força na periferia, o Grêmio nasceu na elite e cativa a classe média. No entanto, uma pesquisa dos alunos do oitavo semestre do curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostra que os hábitos de consumo dos dois clubes são praticamente idênticos, indicando poucas diferenças econômicas entre gremistas e colorados – pelo menos em Porto Alegre, onde as entrevistas foram realizadas. Confira:

Coloradas são mais dedicadas

A maior diferença apresentada na pesquisa é a relação das mulheres com seus clubes. As torcedoras do Inter acompanham mais os jogos e se preocupam com o desempenho do time. Entre as que responderam que o clube é “muito importante”, 66,7% eram coloradas. Walter Nique, professor orientador da pesquisa, lembra que disparidades como essa podem não ter relação com a cultura das duas torcidas. Como o Inter ganhou títulos relevantes nos últimos anos, as torcedoras podem estar influenciadas pelo efeito das vitórias.

Dona de sete camisas do Inter (o cachorro Frankz tem outras duas), a dentista Caroline da Rosa Corrêa, 27 anos, é sócia desde 2003, três anos antes de o clube alcançar o topo da América e do mundo.

– Quem é colorada da minha idade passou por um período muito sofrido e se manteve fiel ao time – explica.

Gremistas fiéis ao Mercosul

A diferença é pequena, mas comprova a percepção de que o Grêmio é mais identificado com os aspectos culturais dos países vizinhos. O estudo mostra que 55,1% dos entrevistados que viajam para o Exterior e preferem destinos do Mercosul são gremistas, enquanto colorados são maioria entre os que preferem América do Norte e Europa.

Para Iuri Schroeder, sócio tricolor de 25 anos, o clube está identificado com a cultura e com os times sul-americanos, o que facilita a aproximação. Desde 2004, o gerente autônomo de investimentos viaja pelo menos uma vez por ano com os amigos para países próximos.

– Gosto bastante do futebol sul-americano. Admiro o estilo de torcer e a cultura – diz Schroeder,

Nos pontos turísticos, estádios e lojas de suvenires dos times locais são paradas obrigatórias